LUTO
Este é o primeiro artigo de uma série que vou abordar nos próximos posts. A ideia aqui é trazer à tona toda a forma de reflexão sobre os lutos vivenciados por nós, que ainda somos tão pouco preparados, (principalmente os ocidentais) para aceitar perdas.Ainda mais quando se trata da morte física de algum ente muito querido, desde um animal de estimação, assim como amigos, familiares, vizinhos, crianças, nossos inimigos e até mesmo a perda de objetos de alto valor sentimental. Diante dessa finitude toda, nos pegamos a pensar:
E agora? Como vai ser? Com quem eu vou me ocupar? Como será minha vida daqui em diante?”
A morte ainda é um tabu, apesar de estarmos em pleno século 21, e com todo o desenvolvimento tecnológico e científico alcançado pela humanidade. Tanto que as pessoas não gostam de falar sobre o assunto, e alguns dizem até que traz mau agouro a quem comenta que está comprando um jazigo no cemitério.
Não pretendo direcionar esse assunto para religião, mas não tem como não avaliar a postura de dominação das “almas dos fiéis”, nos mais diversos caminhos ensinados pelas grandes religiões, que pintaram e ainda pintam a morte sendo pior do que o “Inferno de Dante”.Em primeiro lugar, a morte é um processo natural, e a natureza é o nosso maior exemplo disso, onde tudo se transforma através da morte. É necessário que o velho morra para que surja o novo, viçoso, com novo vigor e beleza.
É claro que, quando se trata de nós, humanos, o processo não é exatamente este. No entanto, e muitas vezes, o novo convive com o velho, e como num golpe do destino, perece o novo e permanece o velho, assim como na natureza, com as árvores seculares, e em outras metáforas – os bons morrem e ficam os maus, os sãos morrem e ficam os doentes, os culpados ficam vivos e os inocentes morrem, filhos que matam pais e pais que matam filhos.
Todos os dias milhares de pessoas morrem em guerras, pessoas morrem em grandes tragédias, como acidentes de avião e acidentes de carro nas diversas estradas de todo o mundo, pessoas morrem de doenças para as quais a medicina ainda não encontrou a cura; morrem em ataques terroristas repentinos em locais onde há muita circulação de pessoas, etc.
Todos os dias as notícias de mortes em larga escala entram na nossa casa através dos meios de comunicação. A vida está sendo banalizada ultimamente, tanto que o número de suicídios só aumenta, principalmente entre os jovens, se mata por qualquer coisa, sob qualquer circunstância.
De tudo isso estamos cientes e até “indiferentes”, porque está longe de nós. Mas o que acontece quando o falecimento é de alguém ligado a mim? Quais os questionamentos que me faço? O que aprendo? Qual o valor que dou para a minha vida? Qual a dor que é maior: a do apego, da dependência emocional ou financeira? Ou ainda a culpa? A falta de perdão? Das oportunidades perdidas de dizer à pessoa o quanto a amava? Ou odiava? Qual é o tamanho da minha dor? Me permito extravasar meus sentimentos? Ou pelo contrário, faço um drama absurdo?
Existe uma maneira correta de vivenciar o luto? Como você está vivenciando o seu luto?
A morte, afinal, existe.